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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Caribe: A Babel musical perfeita


Companheiros, devo admitir que, apesar do blues e do jazz me tirarem do sério, o estilo que considero o mais completo, dinâmico e instigante é a música cubana e caribeña em geral.
Justamente por reunir elementos tão variados, como música africana, latina, blues, metais e swing típicos do jazz, balanço dançante, fervor instrumental e vocal e suas múltiplas cores, vejo esta música como a ideal.
O que passa é que aquele pequeno pedaço de mar e ilhotas, tão importante cultural e políticamente, a verruga “importinente” na testa brilhosa e arrogante dos americanos no passado e até hoje em dia ainda (falo mais de Cuba, no caso) está numa posição tão estratégica que isso chega a ser emocionante e muito bonito, se você considerar que esta música é uma Babel, uma salada que influencia e é influenciada pelo som do Sul dos EUA (Mississipi, New Orleans e afins estão bem na borda, quase na costa), pela salsa e outros ritmos que se proliferaram pela Colômbia, Venezuela, México e outros, pelos africanos que vieram pra América Central como escravos e também pela música nortista brasileira (existem algumas batidas da música haitiana que lembram muito algumas coisas do Norte do Brasil, apesar de eu não estar certo a respeito de quem influenciou a quem).
Esse som desvairado é muito diversificado, parece que suas tantas vertentes nem “cabem” num território fisicamente tão pequeno. Salsa, rumba, cumbia, vallenato, mambo, merengue, latin jazz, etc. Salsa é como o nosso samba, o tango argentino. Muito prolificado, popular, obrigatório ali. Ao visitar Colômbia e Venezuela, particularmente a cidade colombiana de Cali, capital da salsa, de onde as grandes bandas vêm, pude sentir isso de perto. Conheci um cantor, Ángel Fuentes, famoso naquelas bandas, uma figura e tanto que faz shows de salsa pela América. Fervoroso, cantava aos brandos, a plenos pulmões enquanto dirigia pelas ruas de Cali, inspirado, um Frank Sinatra ou Tim Maia apimentado, amante da música, de seu país (apesar de morar na Colômbia ele é venezuelano), das muheres e da vida. O coroa, que pega onde no Brasil, dizia: “Isto é música”. E nada mais. Faz parte mesmo da vida deles.
Os temas das letras cubanas lembram os do blues e do samba. Lamento, dor de corno, saudades, conflitos sociais e políticos, tristeza e alegria pelos prazeres e belezas (mulheres, açúcar, charutos, ervas, mar, boemia, entre tantos outros) desta ilha incrível.
O que é engraçado é que, infelizmente, essa música, assim como as outras tantas da América Latina, entram pouco aqui no Brasil. Já refleti muito sobre o por quê disto, e creio que um dos motivos, além da língua diferente, é que aqui temos tantos ritmos, estilos e riqueza musical também, que é quase como se nos bastassem. Hoje em dia com internet, You Tube e tudo mais, a coisa já muda um pouco. Vemos alguns intercâmbios musicais com o rap, por exemplo, dialogando com coisas do México, de Cuba e outros países.
Mas chega de papo, abaixo alguns sons caribeños de grande qualidade: Celia Cruz com “El Yerbero”, Rubén Blades e seu “Pedro Navajas” (original de “Mack The Knife”, eternizado por Dean Martin ou Frank Sinatra), o “Mambo Numero 5” de Perez Prado, “El Pin Pin”, de Chano Pozo e a música haitiana da banda Boukan Guine. São pequenas amostras de toda a riqueza musical daquelas pequenas ilhas.













Um comentário:

  1. Realmente não tem como se deixar contagiar pelos ritmos caribenhos e cubanos, pela sua alegria, o calor e até mesmo a dor de cotovelo de algumas canções. Parabéns pelo post!

    Wesley

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